domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ainda sobre o ALEPH

Depois do referido a 29 de Janeiro, de como acordei a repetir "Aleph", depois de ter pesquisado o significado da palavra, depois de ter chegado ao conhecimento do livro do mesmo  nome, de autoria de Paulo Coelho, só me restava adquirir o livro e lê-lo. E assim fiz. Foi começar para não querer largar!
Durante a leitura fui descobrindo o que, para mim, tem sido o Aleph. Tal como Paulo Coelho escreveu «tudo à minha volta parecia estranho», no meu caso eu diria « tudo dentro de mim parecia estranho», eu sentia como se tivesse entrado numa outra dimensão, mas as imagens e as sensações eram vistas e sentidas dentro de mim, de tal modo que não sei como explicá-las. Estas vivências não têm sido esporádicas, têm acontecido várias vezes sem que nada "indicasse" que algo diferente estaria prestes a surgir.
Às vezes, sem mais nem para quê, começava por um sabor desconhecido que, de um momento ao outro, se fixava nas papilas gustativas, como se tivesse comido ou bebido algo diferente de tudo quanto conheço. Depois nascia a saudade sem que saiba definir o sujeito ou objeto dessa saudade. Noutras ocasiões aconteciam coisas estranhas, era como se múltiplas vivências se sobrepusessem para me deixarem com a única certeza de que estaria a "revisitar" situações e/ou vivências longínquas, mas sem capacidade de as saber situar ou decifrar. Fragmentos de imagens passavam pela tela da minha mente, acompanhadas de sensações ora de prazer, ora de angústia e tristeza, mas que sempre deixavam marcas profundas de saudade a ponto de me fazerem sentir uma enorme vontade de chorar, quase sempre devido mais à emoção da saudade do que à tristeza... Foram (acredito que ainda outros virão) momentos de compreensão de algo, mas que, mesmo sabendo que compreendi, não sou capaz de dizer ou explicar o que compreendi, nem sequer a mim mesma. Sei que uma parte do meu ser compreendeu e que, quando eu, La-Salete, tiver que saber, saberei.

Talvez, como diz Paulo Coelho, tenham sido acontecimentos do "pequeno Aleph", onde convergem vários pontos do Universo, aos quais, no meu caso, não tive acesso pleno, este acesso deu-se apenas através de sensações odoríficas, gustativas, de sobreposição de imagens difusas e de sentimentos profundos de saudade, angústia, tristeza, amor...

De Maria La-Salete Sá