quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A VIDA É FEITA DE NADAS

O pensamento vagueou pela vida em busca de respostas
e descobriu
que a vida antes de ser vida
era um conjunto vazio…
tão vazio que nem um sopro lá tinha…
Ficou desolado o pensamento…,
mas sendo pensamento,
nunca seria vazio…
então…
ele, o pensamento,
colocou dentro do conjunto vazio um nadinha de energia,
mesmo sendo apenas uma energia-pensamento.

Vagueou novamente pela vida,
vendo-a desta vez com outros olhos,
uns olhos mais atentos, mais perspicazes…
e viu que energia-pensamento só por si
também era…
…nada.

Era preciso acrescentar mais um nadinha de qualquer coisa
nesse conjunto já não tão vazio,
mas ainda um conjunto de quase nada…

Então o pensamento colocou nessa energia
um nadinha de amor,
mais um nada de ternura,
mais um nada de paz …

E o conjunto, que antes era vazio,
agora
brilhava e irradiava energia-sentimentos,
ficando quase vida!

Mas só quase,
faltava ainda mais qualquer coisa,
ainda que só mais um nadinha de…
nem ele sabia bem de quê…

E, agora um pensamento pensante… pensou,
pensou,
pensou
e descobriu
que faltava quem pudesse usufruir dessa energia irradiante…
Mal teve tempo de começar a pensar que…   
logo, logo, a vida se foi tornando VIDA
à medida que nela iam aparecendo,
crescendo,
nascendo todas as coisas que,
de nadinha em nadinha, davam VIDA  a esta VIDA,
fazendo dela uma Vida de Amor.

E o pensamento ficou feliz por saber que com pequenos nadas se podem fazer coisas maravilhosas!
Pensando nesta alegria, saltitou de vida em vida e…
descobriu também que…
que alguns pequenos e insignificantes nadas
podem virar do avesso
qualquer vida de paz e de amor,
transformando-a ou criando-a de solidão,
de desespero,
de dor, de revolta…

O pensamento pensou e tristemente assumiu que até ele,
um simples pensamento de nada
tanto pode gerar uma vida de AMOR
como de GUERRA,
bastando para isso
que um nadinha de anti-amor entre na sua rota de pensar.

E são estes pequenos nadas que podem alterar por completo o rumo de qualquer vida!


De Maria La-Salete Sá (17/12/2015)

Salete Sá Poema Deixem me

Liliana Poema Estavas Lá tu

Canção de Kuan Yin

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DÁDIVA DE AMOR


Ele caminhava sozinho na rua… Caminhava e ia olhando em redor como perscrutando um olhar mais atento, uma alma mais sensível, uma pessoa a quem se pudesse dirigir sem pudores. Fixou-se na primeira transeunte e pediu «quarenta cêntimos para tomar um café…».
Pediu, olhou e…sentiu-se ignorado.
“Este não passa (assim pensou ele, tentando entrar no pensamento de quem o ignorou) de mais um indigente, de mais um desses sem abrigo que deambulam pela cidade. Talvez no pensamento desta transeunte (pensou ainda) seres que mendigam podem nem sequer ser considerados gente”.
Passou outra pessoa.
Timidamente abeirou-se e fez o mesmo pedido, continuando a pensar que voltaria a ser ignorado.
Mas não, desta vez não. A senhora respondeu:
«Espere, se eu tiver eu dou. Deixe-me só ver.»
Ele parou na expectativa, ela vasculhou a carteira e…verificou que tinha deixado o porta moedas em casa. Ao aperceber-se da situação, fixou-a por momentos e disse:
«Não tem, não pode dar, pois não?» E sem dar tempo a que ela respondesse virou costas e seguiu rua fora.
E a mulher que queria ajudar e não ajudou… ficou com esse mendigo no coração, mas com um sentimento de frustração, de vazio, por não ter ajudado como queria... Mas também pensou que… não tendo ajudado monetariamente, talvez tivesse dado a ajuda necessária naquele momento, porque uma palavra, um sorriso, um afeto… um pouco de atenção… tudo isso é doação de amor e amor é sempre ajuda, é sempre uma ternura para quem deambula solitário pelas ruas da cidade.
E… finalmente sorriu


De Maria La-Salete Sá

Imagem da net

(30/11/2015)

VOO DE LIBERDADE

Voa passarinho, voa,
Voa e espalha liberdade
Por todo o azul celeste.


Voa passarinho, voa,
E mostra que a vida sem voos
sem asas…
…de liberdade…
deixa de ter sentido…
deixa de ser VIDA!


Por isso…
Voa passarinho, voa,
que eu também já vou contigo
em voo de liberdade!


De Maria La-Salete Sá (27/11/2015)

Imagem da net


REALIDADE DISSOCIADA

Ainda estou a dormir,
ainda não sofri o choque do despertar,
mas estou…
a viver um sonho… lúcido…,
… um sonho…
do qual… sei…
que sairei… desperta… para a unidade,
para a unidade dissociada…

E quem sabe…
… se este sabor a saudade
em que mergulha meu sonho…
… quem sabe…
não será a saudade de casa… no reencontro
com a minha família
a minha família cósmica?...


De Maria La-Salete Sá

LEMBRANÇAS…

Quando…
penso na minha aldeia,
quando dela me lembro…
meu rosto abre-se em sorrisos,
meus sorrisos são diamantes,
que brilhantes,
me deixam de olhares perdidos…
Perdidos
na lonjura dos pinhais,
na lembrança
das paisagens outonais,
no viver da alegria
primaveril…

E hoje,
neste Setembro,
lembro Guirela
a florir Abril…

De Maria La-Salete Sá (30.09.2015……….22:22h)