Desde menina fui aprendendo a normalidade, fui
aprendendo e pensando que aprendi a ser normal.
Até pensei estar a viver a normalidade como
qualquer normal, qualquer humano normal…
Convenci-me de ter aprendido a ser normal.
Aprendi?!...
Não sei…
Houve tempos em que acreditei, pensei realmente
que era normal…
Pensei que sim, mas…talvez… o sim tenha sido,
na verdade, um não…
… porque muitas eram as vezes, sobretudo em criança,
em que da normalidade me alheava… e muito para além dela me encontrava…
Eram momentos, ora breves, ora longos, em que,
longe de ser e sentir-me normal, estava completamente ausente da realidade dita
normal…
Percorria caminhos desconhecidos e regressava quase
sempre (ou sempre, hoje não sei…) sem saber onde estivera, com quem estivera, o
que vira ou o que fizera… era como se acordasse de um sonho, sem memória do seu
teor.
Hoje relembro, com saudável nostalgia, alguns
desses momentos de total alheamento… Alheamento??!... Não! Foram momentos
marcados por uma espécie de magia, momentos de felicidade inexplicável, vivida
e trazida de mundos distantes, mundos onde EU encontrava o alimento, onde EU
nutria a Alma. Por vezes, ao “regressar” ficava baralhada, confusa, por não ter
explicação para essas coisas… o que também me causava insegurança e/ou algum
receio porque, bem lá no fundo, eu não me sentia aceite no mundo dito normal. Então,
e para ter alguém com quem partilhar sem ser julgada pelos mais velhos nem que
as outras crianças se rissem de mim, muitas vezes contava à minha boneca Joana
histórias de meninas que viviam nas flores, outras vezes na lua ou nas
estrelas… sem saber onde fora buscá-las ou onde as ouvira. E como sonhava com
jardins de flores únicas, de terras de magia! Esses eram os meus mundos, mesmo
que nem sempre deles me recordasse…
Depois…já na adolescência, a
necessidade/vontade de “me ausentar” fez de mim, em certa medida, um ser
solitário…, porque na solidão onde me refugiava eu podia sentir a leveza e a
liberdade de me deixar “vaguear”. Por vezes a solidão também pesava, pesava
sobretudo quando me sentia perdida, num mundo que não sentia como meu…
E neste “não saber onde me encaixar” volto à
infância, deambulo pelo crescimento, entro na adolescência, chego à idade
adulta e… revejo a normalidade, como não sendo normal…
Durante muito tempo guardei só para mim as
dúvidas e certezas (ou quase certezas) que, a pouco e pouco, iam tomando forma
dentro de mim, alterando conceitos de quem sou, de quem somos, de como ou
porque aqui estamos. Eu, que fui criada na ideologia/doutrina da Igreja
Católica, a pouco e pouco fui questionando ensinamentos, filosofias, dogmas,
conceitos.
Procurei informação sobre outros credos e todos
assentam na mesma base, na mesma verdade, o AMOR. E quem mais e melhor pregou e viveu o AMOR?
Nosso Mestre Jesus. E porque o que, de uma forma geral, se aprende sobre a vida
de Jesus é muito restrito, com lapsos de tempo enormes que não aparecem nas
Escrituras, precisei de buscar respostas além das crenças, conceitos e dogmas
do catolicismo. Alarguei horizontes de visão, de compreensão, li bastante sobre
filosofia oriental, participei em cultos dos Hare Krishna, conheci budistas,
mórmons, adventistas, espíritas…, li o Bhagavad Gita, li um pouco do Alcorão,
estudei um pouco de Antropologia Gnóstica…, enfim, adentrei no esoterismo e no
ecumenismo.
No fim de todas estas buscas chego à conclusão
que não estou ligada a nenhuma religião em particular, mas que tenho em mim a
essência de todas elas.
“Pelo caminho” encontrei o Yoga (que, por
incompatibilidade de horários, depois de 5 anos de prática assídua tive que
abandonar) e terapias alternativas – reiki e johrei -, nas quais me iniciei, embora
só trabalhe com o Reiki.
Mundos paralelos, civilizações diferentes de
outros planetas, de outros universos, de outras galáxias, tudo isto fez/faz
parte do conhecimento que venho procurando e adquirindo, porque, como disse no
início desta narrativa, desde muito criança me sentia como que perdida num
mundo desconhecido, sensação que se fez certeza de estar aqui apenas de
passagem, mesmo que por muitas vidas.
E, no meu aparente alheamento, busco rotas
perdidas, por vezes sentidas na saudade, outras sentindo o afago energético, um
toque suave, quase um roçar de pluma, ou ainda um aroma, uma aragem acariciante…,
o abraço familiar que chega das estrelas…
Na minha última etapa de busca e
aperfeiçoamento cheguei aos Arcturianos, uma das civilizações de 5ª dimensão,
muito mais antiga e evoluída do que nós, humanos, e que nos acolhe e ajuda em
pleno AMOR, se em AMOR soubermos viver.
Hoje, mais do que nunca, sou capaz de reafirmar
que não sou/não somos apenas humanos terrenos…
Verdade, cansei de ser normal…, pois que o que
me diz a alma e o coração, as linhas de orientação que deles recebo… afastam-se
da “normal normalidade” …, mas na minha “anormalidade”, não julgo nem reprimo a
“normalidade” de quem “é normal”. A vida (ou as vidas) faz-se por etapas, por
patamares, corre em espiral e “neste correr” ninguém é mais do que ninguém,
cada um tem que viver o seu próprio percurso, precisa vivenciar e aprender com
as quedas e com as conquistas, ao seu ritmo e de acordo com as suas linhas de
orientação.
Maria La-Salete Sá (24/05/2023)