Há
dias em que mal me reconheço e hoje é um desses dias…
Parece
que acordei do avesso, sinto-me “estrangeira” no meu corpo e no meu espaço,
sinto-me “não pertencente” ao lugar e ao tempo em que estou…
Meu
corpo está cansado sem que nada fizesse para me cansar, meus olhos querem
fechar-se, não porque esteja com sono, mas porque querem ausentar-se e
reencontrar (ou relembrar) onde e como se alterou a rota de tranquilidade em
que se movimentavam meus passos, meus pensamentos, meus sentimentos, minhas
emoções…
Tudo
está baralhado, tudo está desencontrado…, eu estou desconexa de mim, esta que
agora estou não é quem sou… e não sei onde me encontro nem onde me procurar… E
esta que agora está também não se reconhece…, também não é…
Será
que esta que agora está no lugar daquela que sou é o reflexo do que ainda está
por realizar para que (quem sou) reentre na rota da tranquilidade –
aparentemente – perdida?
E,
neste questionamento, esta que agora estou começa a vislumbrar que afinal quem
sou e quem estou…, são o verso e o inverso de mim, são eu na busca das “pontas
perdidas” ao longo do percurso, são eu a lembrar que é necessário entrar nas
catacumbas da consciência, despedir-me de memórias e conceitos ultrapassados e
escravizantes, sabendo que fossem eles quais fossem, já cumpriram os seus
objetivos e serviram para que chegasse até onde hoje estou e ao que hoje sou…
E
já começo a sentir-me eu, neste corpo, neste espaço, neste tempo! Eu sou quem
sou e quem estou!
De
Maria La-Salete Sá (16/04/2013)