sábado, 25 de abril de 2015

OLHA EM TI…

Não ponhas chapéu para tapar as ideias,
põe antes óculos escuros
para que não se vejam esses olhos
maldosos;
masca uma pastilha elástica
para não proferires palavras impensadas
e olha-te bem
antes de atirares pedras…

Também tens telhados de vidro
e não se sabe qual quebrará primeiro…


De Maria La-Salete Sá (28-08-1986….00:35h)

PROCURAM-SE PALAVRAS



Procuram-se palavras que calem a dor,
Procuram-se palavras que falem de amor…
É urgente encontrar palavras que digam liberdade,
Como urgente se impõe o calar da saudade…

Procuram-se palavras que falem harmonia,
Palavras que iluminem sorrisos de alegria…
Palavras que lançadas ao vento
Espalhem sementes de puros sentimentos…

… sentimentos fraternos, na paz renascidos,
Sentimentos profundos, sem fundos vazios,
Sentimentos prenhes de esperança…
Sentimentos de acalmia, de bonança…

… porque…

É urgente encontrar as palavras que digam,
Que gritem, que clamem, que afirmem
Que Paz não é uma palavra perdida,
Mas uma palavra recriada e renascida

Que vibra, que ecoa, que se propaga
Neste país onde o bom senso naufraga…
É urgente que se encontrem palavras
Que ultrapassem o mero conceito… das palavras…,

É urgente que elas se encontrem
… e que sejam palavras com vida…
mas de vida com sentido…
… e não somente palavras…


De Maria La-Salete Sá


Imagem da net

terça-feira, 7 de abril de 2015

CARÍCIA SOLAR

Mal o dia acordou,
a madrugada sorriu
e, de braços estendidos espreguiçando o despertar,
o sol raiou
.

E na madrugada que se fez dia
ele, lânguido, se estendeu,
e cresceu…fez-se à tarde, em melancolia…
sem vontade de se deitar

Agora… olhando o horizonte
Com a lua a despontar
relembro sua beleza tão singela
…e  fico-me a cogitar…

que…

havia fulgor
naquele sol poente,
que se espraiava dolente
no azul celeste, pertinho do mar…

E depois,
em melancolia,
cansado de mais um dia,
este sol, luz-amor,
mergulhou no mar
abraçou as ondas, beijou a espuma,
e sorrindo docemente… foi-se deitar…
.
Mas o seu sorriso ficou… dolente…
a doirar
as águas
deste mar…
… esperando a lua chegar…

De Maria La-Salete Sá (07/04/2015)



DESILUSÃO

A desilusão desta vida sou eu.
Eu, que me procuro e não me encontro
nos escombros desta vida em ruínas…

Quando descubro os fragmentos e quero reconstruir o puzzle,
a imagem real não se ajusta ao que de mim falta…

Sei que o resto és tu, tu que estás algures por aqui ou por aí,
mas nunca nas ruínas da minha vida…
Talvez alguém tenha encontrado primeiro o teu fragmento
e ajustado a um ser incompleto…

Julguei seres tu o complemento desta existência
repleta de futilidades e negações,
julguei seres tu a pessoa que me faltava
para abafar a saudade que quis esconder,
julguei seres tu…
…mas hoje apenas sinto em mim o vácuo
de mais um fracasso,
de mais um sonho desmoronado,
de mais uma queda abrupta para a realidade…

Perdoa-me se puderes
não me negues a tua amizade, pois…
mais do que nunca a necessito…

De Maria La-Salete Sá (07.04.1988---2oh 25m)





OPOSTOS…

Meu corpo é um rio à procura de foz,
minha alma o leito
que desce desde a fonte da nascente
e não encontra estuário onde se espraiar…

Meu corpo é um rio
que corre em sentido contrário,
teu corpo é o leito que quero beijar…

Meu corpo é um rio
que não encontra teu corpo-mar…

Nossos nortes são diferentes,
nossos mundos de nós ausentes
e meu ser uma constante
de desencontro…

Toda a vida procurarei esse mar no norte
que em ti se fez sul…

Jamais serei… Jamais seremos…

De Maria La-Salete Sá (07.04.1988---19h 55m)



REAL… OU… ILUSÓRIO?

Quem me dera saber o que quero e o que sinto,
o que tu… e tu… e tu… representas neste mundo,
o que de ti espero
e o que em ti procuro
ou o que em ti quero agarrar ou esquecer…

Não sei se te quero e necessito,
se para ti transponho o que não me pertence,
se tu és tu ou…tu,
se és o hoje, o ser novo, aquele que amo,
ou o ontem, a dor, a projeção, o sofrimento…
Se és a paixão real
ou a transferência do sonho…
ou então a anulação de tudo na entrega
deste corpo e desta alma
que pertencem a uma quimera…

Quem és tu, afinal?

O amor-anulação?,
a paixão projetada?,
o esquecimento abortado?…
… ou a pseudo-unidade
desta mulher de psíquico desintegrado,
de tal modo subdividida por labirintos
que se vê em todos e a um só tempo
sem saber qual é a luz
que tenuamente ainda brilha… por entre as trevas…?!


De Maria La-Salete Sá (1988…89…?)

ESTRELA GUIA

Quando na vida uma estrela te brilha
Segura-a com ambas as mãos…
E não temas o seu fulgor
Porque a incandescência que dela emana
É o guia do teu caminho…

Ter uma estrela na mão
E dois brilhantes no olhar
É ter força e esperança,
Ânimo e confiança
E um mundo de sonhos para realizar

Porque…

Quando na tua vida uma estrela brilha
Teu coração se renova
E tua alma rejubila…
Pela luminescência que te chega…


De Maria La-Salete Sá (1987)

ÓDIOS…

Odeio toda esta engrenagem
em que gira a sociedade, 
odeio toda esta falta de senso
em que se apoiam as mentiras
para ficarem com sabor a verdade.

Odeio todo este mundo de aparências
que, para se salvaguardarem
fazem cair no descrédito  os demais.

Odeio esta camuflagem santificada
que troca deus pelo diabo 
(e que poucos disso se dão conta)
fazendo sucumbir os conceitos de moral
e amarfanhar a dignidade das pessoas
que ainda são pessoas.

Odeio essa compreensão fictícia
que veste essas almas maldosas
quando querem mostrar-se os maiores
e não passam de mentirosos, de aldrabões…

Odeio os charlatães da moralidade
que mesmo a fingir
mostram os dentes
em sorrisos convincentes…

… para ficarem bem “no retrato”.

Odeio! Odeio! Odeio!


De Maria La-Salete Sá (aí por 1984... 85…)

ESTRELA-ILUSÃO


Tu não estás. Partiste tal andorinha em fim de Primavera.
Deixaste no ar a saudade do azul que cruzaste
e no meu coração a nostalgia da tua ausência…
Não estás. Nunca estiveste. Nunca foste.
Mas és e estás brilhante em meu pensamento
hoje e sempre, ilusão que criei… alimentei…
… e fiz procriar. És o meu sonho, a minha quimera,
a estrela fulgurante que me orientará nesta vida de trevas.
Não podes partir. Não podes morrer.
Partiste e voltaste. Morreste e renasceste…
porque sem ti, ilusão, sonho lindo e quimera,
a brutalidade real desta vida (para muitos irreal)
consumir-me-ia por inteiro…
…mas contigo, por ti... e sempre a inventar-te
……………………………..…eu Vivo! Eu cresço!
..................................................EU RENASÇO, EU SOU!
De Maria La-Salete Sá (31.07.1987)