sexta-feira, 18 de março de 2016

Um poema/comentário ao meu "DIVAGAÇÕES SOBRE A LOUCURA"

Na tua loucura,
Se encontra muita ternura,
Não sei a imensidão da tua realidade,
São coisas da idade!...
Nasci e pensei,
Algumas coisas encontrei, e, desencontrei...
D'os Amigos a loucura,  
D'os Poetas a ternura,  
D'Amizade encontrar!...
Cara Amiga, um abraço te vou dar,  
Boa Poesia, é esse o meu desejar.

Para a La-Salete com toda a minha Amizade e muito respeito.

Carlos Varela

NA CIDADE DO FAZ-DE-CONTA

Na cidade do faz-de-conta havia um jardim encantado, cheio de lindas flores, um lago com muitos peixinhos coloridos, árvores com ninhos e pássaros que brincavam em bandos. Mas, logo a seguir ao jardim também havia uma floresta onde morava o gigante e ninguém lá podia entrar.
Numa casinha dessa cidade vivia o Roberto, um menino muito educado e que nunca fazia asneiras. E na casa ao lado morava a Filipa, amiga do Roberto.
Numa tarde quentinha de primavera foram brincar para o jardim encantado. A mãe do Roberto e a mãe da Filipa disseram-lhes que não entrassem na floresta porque era muito perigoso.
Quando chegaram ao jardim correram atrás das borboletas que os desafiavam para a brincadeira. Depois de muita brincadeira, já cansados, sentaram-se na beira do lago a apreciar os peixinhos coloridos que saltitavam na água, até que um peixe vermelho, um peixe mau e maior do que os outros, disse:
- Vão à floresta! Lá tem flores e pássaros ainda mais bonitos do que aqui!
O Roberto respondeu logo que não ia, porque a mãe dissera que era perigoso, mas a Filipa, que nem sempre fazia o que os pais mandavam correu para a floresta.
O Roberto bem lhe gritava: «Não vás, não vás, é perigoso», mas ela nem quis ouvir e… mal entrou ouviu um UUUUUUUUUUU, em som rouco e muito forte que a assustou. Era a voz do gigante que logo apareceu e a apanhou, levando-a pendurada na sua mão.
Mal se sentiu presa naquela mão tão grande e forte gritou:
- Socorro! Roberto! Ajuda-me, ajuda-me a sair daqui! O gigante apanhou-me!
Roberto ouvindo os seus gritos foi ao lago falar com o peixe vermelho:
-Porque fizeste isso? Porque querias que fôssemos para a floresta? Sabes dizer-me pelo menos como posso tirar a Filipa das mãos desse gigante e trazê-la de volta?
- Desculpa, eu não era um peixe mau, nem sequer era um peixe, eu era um menino como tu, amigo doutro menino . Mas um dia a bruxa do bosque (que não gosta de crianças) viu-nos aqui a brincar, fez um feitiço e transformou-me neste peixe e ao meu amigo no gigante. E nós não somos maus, só estamos um bocado zangados pelas maldades que a bruxa nos fez.
- Mas como posso ou como podemos ajudar a Filipa a sair da floresta?- perguntou  Roberto.
- Vais à entrada da floresta e chamas a Fada do Bosque, só ela te pode ajudar.
Então o Roberto lá foi e ao chegar ouviu um UUUU, vindo lá da floresta, mas sem medo chamou:
- Fada do Bosque! Fada do Bosque! Vem! Preciso da tua ajuda para trazer a Filipa que entrou na floresta!
E logo apareceu a Fada, uma fada muito bonita, com asas de borboleta e uns lindos olhos azuis. Não trazia uma varinha, em seu lugar trazia uma flor muito linda! Deu a mão ao Roberto e voaram juntos para dentro da floresta. Quando viram o gigante com a Filipa pendurada na mão, a fada abanou a flor e começaram a cair por cima do gigante pós mágicos muito lindos, dourados e de muito mais cores.
E sabem o que aconteceu??? Cada vez que os pós mágicos caíam o gigante ia ficando cada vez mais pequeno até que ficou do tamanho da Filipa!
Quando olhou para ele e para a menina ficou tão contente que nem queria acreditar!
- Ah! Obrigada Fada do Bosque! O feitiço acabou! Eu sou o Filipe que a bruxa transformou em gigante! Já não sou o monstro, já sou o menino!
E, em grande alegria, saiu da floresta acompanhado da Filipa, do Roberto e da Fada.
Chegados ao jardim foram ao lago agradecer ao peixe e… nem queiram saber o que viram! Sentado na beira do lago estava um menino muito contente, porque a fada, ao ajudar a Filipa e o Filipe tirou a força da bruxa e todos os feitiços dela acabaram!
Ficaram todos muito felizes e a Filipa nunca mais desobedeceu aos pais!


De Maria La-Salete Sá



DEVANEIO DO TEMPO

Correndo em sentido contrário
o tempo parou…
estático… e pensou:

- Que perda de tempo!
Eu que sou tempo e me perdi no tempo!
Há que inverter a marcha e acelerar o ritmo…
Talvez  assim eu,
o tempo,
tenha ainda tempo
de chegar ao ponto de partida
com tempo de chegar ao destino à hora marcada
para chegada.

E eu, que sou o tempo, pergunto-me
agora,
neste preciso momento:
« Será este o meu momento?
O momento do meu tempo de ser tempo?»

Que loucura, que devaneio!
Ora eu a cogitar… quando sei que o tempo,
o tempo que sou,
é apenas uma ilusão,
uma criação
desta vida de terceira dimensão!


De Maria La-Salete Sá (14/03/2016------14h 54

DIVAGAÇÕES SOBRE A LOUCURA

Não há dúvida!
A imensidão da loucura é uma realidade.
Mas há que distinguir entre espécies de loucura:
- a loucura do elogio
- a loucura do poeta
- a loucura da sanidade…
… e também a sanidade da loucura,
além de outros aspetos não menos loucos….

Mas … onde me encaixo eu nestes conceitos de loucura?
Eu que, quando nasci não o pensei…
e nem mesmo enquanto cresci,
mas hoje…eu penso.
E penso que me encaixo em todos eles…
Sou poeta, logo sou louca,
tão louca que faço da loucura o elogio da poesia,
e nesta poesia me encontro em sã loucura,
que por seu turno se manifesta
na sanidade da loucura…

E o que seria da vida sem estes devaneios de loucura?


De Maria La-Salete Sá (14/03/2016)

(imagem da net)