quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

TRÊS FLORES, UMA AVENTURA



Era inverno, um desses dias de inverno em que o sol também desponta, como a querer anunciar que, logo que ele se vá embora, chegará a primavera. E nesse dia de inverno, apesar do sol que se abria em sorrisos contagiantes, o frio também se fazia sentir. Era só ver como as pessoas andavam tão vestidas, mas tão vestidas, que delas só se lhes via o rosto! Eram casacões, eram botas, eram gorros, eram lenços, eram luvas, sei lá mais o que as pessoas usavam para esquecerem o frio.
E quem assim observava e assim cogitava era o Lírio Roxo que, mesmo neste frio resolvera sair para o jardim onde, até então, descansara como broto no rizoma debaixo da terra. Tinha tido um sonho (ele nem sabe bem se foi um sonho) que lhe dizia para acordar, para sair da terra. E, como este era um Lírio aventureiro, fez a vontade ao sonho (não, que ele fosse um “lírio mandado”, não , ele fez a vontade ao sonho, porque quis descobrir como seria acordar antes do tempo dos lírios acordarem no jardim!)
 Estava nestes pensamentos quando sentiu um toque, uma espécie de carícia no rosto, de alguém que lhe sussurrava:
- Bom dia, amigo! O dia está lindo, o sol convida à alegria, à Vida, não é verdade? Foi por isso que resolveste aparecer? É que tu não costumas estar por aqui nesta época do ano, já não te via há muito tempo!
- Olá, Rosa Amarela! Também já acordaste?! – e, sorrindo, continuou -É verdade, tive um sonho engraçado, penso que foi um sonho, mas nem sei...! estava eu bem deitadinho na minha cama-rizoma quando ouvi a voz do sol:  «Acorda, olha que eu vou iluminar o jardim, e desafio as flores mais corajosas a sairem... tens coragem para sair e desfrutar das maravilhas da natureza fora do teu tempo? »  Eu não respondi, mas pensei: «Claro que tenho!”» e, mal pensei, logo me levantei, espreguicei e... aqui estou!
- Pois – continuou a Rosa Amarela – também eu ouvi o chamamento, ainda estava botão muito apertadinho, mas ao ouvir tal desafio, logo me espreguicei e abri!
- Psiu, psiu! – murmurou uma vozinha mesmo ali junto ao solo.
Intrigados, o Lírio e a Rosa logo desviaram o olhar para ver quem seria desta vez. E não é que era o Amor-Perfeito que também saíra fora do seu tempo!
Agora, e já com ânimo triplicado (eram três flores aventureiras!), mal cabendo em si de contentes, olhavam admiradas umas para as outras, até que o Lírio sugeriu:
- Ora, já que é dia de aventura, que seja uma aventura! E se fôssemos até à praia?
- Mas como é que vamos, se estamos presas pelos caules, a não ser que alguém nos colha e nos leve daqui - disse o Amor-Perfeito
E, no instante em que o Amor-Perfeito acabou de falar, um jovem rapaz que por ali passava com a sua namorada, baixou-se,  colheu o amor-perfeito e ofereceu-o à jovem.
-Que lindo!- disse a menina – E olha aquela rosa, tão bonita, tão viçosa, radiante como o sol! Vou levá-la também, ficará linda na minha jarra!
- E este lírio? Não vamos deixá-lo aqui sozinho, sozinho fica triste. Tu ficas com a rosa e o amor-perfeito, eu fico com o lírio...
- Não, não vamos separá-los, ficam juntinhos, arranjarei maneira de não os separar. Agora vamos..., aonde vamos?
- E se fôssemos até à praia, andar um bocadinho na areia, ouvir o mar, que te parece, António?
- Acho uma boa ideia! Vamos então até à beira-mar!- respondeu António.
(Eu penso que  a Marlene – assim se chamava a namorada do jovem António - entende a linguagem das flores, ela deve ter ouvido a sugestão do amor-perfeito, não acham?)
E lá foram abraçadinhos (não se sabe se por causa do frio, se magnetizados pelo amor) até à praia. Aí chegados tiraram botas e meias, arregaçaram as calças e preparavam-se para uma corrida na areia.
- Não podemos correr com as flores, temos que as proteger da deslocação do ar enquanto corrermos. Vou deixá-las aqui junto do nosso calçado – sugeriu  Marlene.
E, enquanto António olhava e pensava para que lado correriam, se para norte, se para sul, Marlene desenhou um grande coração na areia e deixou dentro dele as três flores. Esta seria a maneira mais original e mais pura de lhes dizer o quanto delas gostava. Mas não foi só isso, ela sentiu-se Rosa Amarela, e achou que o António podia ser o Amor-Perfeito. Ainda pensava, embebecida, na ternura de ser Rosa e do seu António ser Amor-Perfeito quando ouviu o lírio que, numa vozinha quase sumida perguntou: «E eu? Também quero ser alguém, mais do que uma simples flor..., ou será que não mereço?»
Então Marlene abriu ainda mais o coração e segredou:« Não fiques triste, meu Lírio Roxo, tu ficas mesmo bem como “sendo a minha irmã Maria”. Olha, até lhe vou telefonar e convidá-la a vir ter connosco e, se não te importares, ofereço-te a ela, pois sei que, no mundo das flores, és a sua favorita.»
E, ainda não tinha acabado de formular o pensamento já Maria estava no areal. Não precisou sequer de telefonar. Talvez os seus pensamentos se cruzassem, não sei bem, mas sei que entre Maria e as flores, bastava o pensamento para que comunicassem. Até é bem possível que entre Marlene e Maria também tenha acontecido assim!
Ora já estava tudo preparado, já podiam andar ou correr na areia, mas Maria preferiu ficar ali sentada absorvendo a maresia, deixando os nossos pombinhos desfrutar de uma corrida pela praia.
Ali sentada olhava enternecida as três flores, feliz por saber que aquele Lírio Roxo iria com ela. Pensando nesta suave e doce alegria, parou o seu olhar bem no centro do coração. Havia qualquer coisa de diferente ali, que chamou a sua atenção. As flores pareciam luminosas, luminosas ou iluminadas, ela nem sabia bem definir o que via... Então, muito atentamente, fixou o centro desse coração, sentindo-se mergulhar nele, sentindo-se também envolta pela mesma luz que agora brilhava ainda mais intensamente. Já não era só ela e as flores, nesse coração de luz estavam todas as flores, todas as pessoas, todas... tudo! E desse “tudo”, emanava o amor, a beleza, a sabedoria, a paz... «Que coisa linda!», pensou Maria.
- Eh! Maria, acorda! Não se deve dormir na praia, por acaso não é verão, não está calor, caso contrário bem podias apanhar um escaldão!
- Sabes mana? Parece que viajei até ao coração do Universo! Parece, não! Mesmo que tenha sido a sonhar, eu estive lá, estive eu e estiveram vocês. E  vi com quanto amor, quanta beleza, quante sabedoria, quanta paz ele nos abraça diariamente! E soube que tu e o António não estão juntos por acaso, vocês são complemento um do outro.

Agora estas três flores, além de flores, são a essência das três pessoas a quem estão tão intimamente ligadas.
E o jardim, mesmo sem elas, está prestes a desabrochar com mais surpresas para fazer as delícias dos namorados ( e não só), uma vez que o tempo já vai a caminho da Primavera.

De Maria La-Salete Sá



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

LUZIA MARIA




Luzia Maria
Tinha a mania
Que tudo sabia.
Que sabia ler,
Que sabia escrever
Que até sabia
Inventar
História de encantar.

E, se o dizia,
Assim fazia
(ou pensava que fazia…)

Até que um dia…
Um dia de grande invernia,
A Luzia Maria
Descobriu
Que nem tudo sabia…
Era tanta a chuva,
Era tanto o vento,
Que o seu guarda-chuva
Virou vira-vento…
E Luzia Maria
Era marionete
Ao sabor do tempo…
Gira para aqui,
Rodopia para ali,
Nem guarda-chuva,
Nem chapéu, nem lenço
Ela soube segurar,
Tudo o vento levou,
Tudo foi pelo ar…

… E Luzia Maria
Aquela que pensava
Que tudo sabia,
Nesse dia
De grande invernia
Descobriu
Que ter a mania
Até parecia
Uma tirania,
Uma vaidade
Sem serventia.


De Maria La-Salete Sá (23/01/2013)


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CONTIGO



Contigo
a minha vida
ganhou outro sentido...

Fez de mim
a mulher amante
e de ti
o amante amigo.

Colocou no meu sorriso
mais beleza
e mais cor,
fez-se encanto...

E o encanto
é a magia
que escreve a sinfonia
com as notas do amor.

De Maria La-Salete Sá

SÓ SEI QUE TE QUERO...



O quanto te quero, meu amor,
não dá para dizer
nem descrever,
nem tampouco mostrar...

Apenas sei que te amo,
querer espontâneo,
vontade de ti...

Amor escondido
e a transparecer
na tua presença
e no meu olhar...

Só sei que te quero
na sede do beijo,
na carícia,
no abraço e no desejo
de me dar,
de ser tua, de te amar...

Só sei que te quero!...

De Maria La-Salete Sá

CHEGOU NO TEMPO CERTO


Não digas, meu amor
que o amor chegou tarde.
Ele sempre esteve presente,
apenas latente,
imanifestado,
talvez guardado
à espera do tempo.
E o tempo chegado
em horas de dor
despertou o amor...
até então escondido
ou adormecido
por tantas vidas
 já vividas,
já passadas...

Soou a hora do despertar
deste sentimento latente
agora bem presente...
Ei-lo que renasceu
finalmente
no tempo certo de te amar.

De Maria La-Salete Sá


PARTILHA 2



É tanta a minha angústia
que perfura a alma
na dor da tua dor...
É tanto o meu desalento,
tão grande o sentimento
na espera de te ver,
afagar e aconchegar,
dar-te o ombro, o coração,
a vida em comunhão...

Vem repartir comigo esse pesar,
essa inquietação...

De Maria La-Salete Sá (16/06/96)

PARTILHA




Meu amor,
quem me dera poder
atenuar a tua dor,
quem me dera saber
o que fazer
para dar-te alento...

Mas, meu amor,
apenas sei estar e sentir
contigo o sofrimento,
ao teu lado na ternura,
na partilha
e no sentimento...

É assim que sei amar,
é assim que sei viver...

De Maria La-Salete Sá (16/06/96)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

NUMA NOITE DE LUA CHEIA


Numa noite de lua cheia, em que tudo pode acontecer, as areias das dunas e o passadiço da praia ganharam vida. 
Cansado de ser pisado, o passadiço queixou-se às dunas:
- Motel Tentações! É isso! Vou mudar-me daqui e vou passar uma noite em beleza! Qual das dunas quer vir comigo?
Mal o passadiço tinha acabado de fazer a sugestão, vogando na crista de uma tremenda onda que ali chegava com uma fúria tempestuosa, a estrela do mar dizia:
- Espera, espera, leva-me contigo, eu que sou… E não acabou o que ia dizer (“… uma estrela sem brilho, mas a precisar de brilhar…”), porque, saída do meio da areia da mais alta duna, apareceu uma sereia, um tanto ou quanto maltrapilha, diga-se de passagem, a gritar a todos os pulmões:
- Eh! Eh! Não dês ouvidos a essa lambisgoia da Estrela, que nem sequer é uma estrela, mas sim um ouriço, que aproveitou o fascínio desta lua cheia, rezou o feitiço e quer fazer-se passar por uma “pobre estrela em busca do brilho”! Vejam lá ao que chega o descaramento!
Mas… quem és tu?! Uma aberração de peixe saído da areia?!... Não pode ser! - disse o passadiço.
- Quem sou?! Quem sou?! Mas que atrevimento! Peixe, eu?! Aberração?! Eu?! Eu, a sereia Bonitona?! É preciso alguém ter muita lata, ser muito cara de pau para me afrontar desta maneira! Eu, a sereia mais badalada de todos os oceanos, eu que apareço em todas as revistas da atualidade, eu que sou o maior ícone da beleza?!...
E, não podendo mais com tamanha humilhação, em vez de verde de raiva, ficou vermelha que nem um pimento, tal era a sua fúria, de vermelho passou a roxa de tanto gritar a sua indignação e, finalmente deixou-se cair em cima do passadiço, branca como a cal, desfeita em lágrimas, sem saber muito bem porque chorava, tantas e tão diversas eram as emoções…
- Desculpa lá, Bonitona, não te quis ofender, mas assim… (ele queria dizer “com areia na cabeça em vez de miolos”, mas emendou) com a cabeça cheia de areia, com algas enroladas na cabeça, com o rabo de peixe a dar a dar, mais parecias um vulgar peixe do que uma bela sereia…
- Bem, estás desculpado, mas realmente hoje, nesta bela noite de lua cheia apetece-me sair do mar, ir em debandada, ser ou ficar enfeitiçada, sei lá! – disse Bonitona já mais calma.
- E queres mesmo ser sereia? É que hoje, com esta lua cheia, esta lua especial, tudo pode acontecer, ai pode, pode! 
- Eu sei, é por isso que aqui estou. Hoje sou sereia, sou brisa, sou rio cantante, sou folha esvoaçante, sou… TUDO, tudo o que quiser ser e que a lua me deixe ser e fazer.
- Mas, na verdade eu nem sei se tu és mesmo sereia, ou se já aproveitaste alguma gota de raio de luar para te transformares em sereia! És?
- Não, sou apenas um desejo de querer ser sereia, de ser aquela sereia dos meus sonhos, a Bonitona! Assim linda de morrer, comentada, admirada!
E logo a lua, sempre atenta ao que se passava, respondeu:
- O que realmente quero para ti, sereia Bonitona, é que sejas tudo menos tu, menos o que tu és, ou o que tens pretensão de ser.
- Como assim, podes explicar-me?
- Pois, já reparaste que só falas de ti? Da tua beleza, de como falam e olham para ti, só de ti, só de ti…? É que tu és tudo menos isso! Tu és um desejo de ser sereia, mas uma sereia não apenas para ser admirada e bajulada, mas para espalhares amor, sorrisos de harmonia, felicidade. Tu nasceste para saíres de ti, para seres e viveres em partilha de afetos, de emoções… Tu não és um produto, tu és alguém!
- Tens razão… tenho sido muito vaidosa, muito arrogante, mas posso ir pernoitar no Motel Tentações? Quem sabe aí eu não possa ser Cupido de alguém…?!
- Sim, claro que podes, vais com o passadiço (até fazem um par simpático! – disse de si para si a Lua), mas levem a duna também e metam-na na ampulheta, ela alertar-vos-á na hora do regresso.
E lá foram os três para o Motel Tentações. O passadiço, porque teve que carregar com a duna e a sereia, que não pararam de saltar e brincar de tão contentes que iam, mal caiu na cama, adormeceu. A duna entrou logo na ampulheta e a sereia, depois de arranjada deixou-se ficar diante do espelho a escovar os seus longos cabelos, totalmente despreocupada.Estava tão entretida que não reparou no jovem casal que entrou no quarto (ela altiva, ele tristonho), só se dando conta da sua presença quando…
- Que queres que eu faça, minha princesa? – disse o cavalheiro.
- Ora, ora, Camilo, tu sabes muito bem o que eu quero. Quero que admires a minha beleza, quero que sejas meu servo, quero que me deixes brilhar sempre por onde passar, quero…
- Mas isso já eu faço. Sabes o quanto te amo, sabes que casei por amor, minha querida Orquídea Maria! – respondeu o jovem Camilo, agora com um sorriso de felicidade estampado no rosto.
E continuou:
- Vem, meu amor, vem, deixa-me beijar-te com sofreguidão, sorver o teu néctar, minha querida Orquídea!
- O quê?! Como te atreves? Os meus lábios não são para servos, e para ti, se teimares em ter-me, sabes que sou uma orquídea, sabes que há orquídeas que fabricam veneno, eu sou uma delas, posso até tirar-te a voz, posso silenciar-te… Olha, vai mas é dormir e deixa-me sossegada a escovar os meus lindos cabelos.
Acabrunhado, Camilo deitou-se, mas não conseguia dormir… Aquele amor tão grande que desde muito novo começou a nutrir pela bela Orquídea, em vez de felicidade só lhe trazia dor, tristeza, desalento…
E, como era a noite mágica da lua cheia, a sereia desta história que estava sentada em frente do espelho a escovar os cabelos, tornara-se invisível. Não se sabe se ficara invisível pela magia da lua cheia ou por ser apenas um desejo de ser sereia (os desejos às vezes ganham forma e vida), mas… desejo ou sereia, só passadiço, duna e desejo sabiam que ali estavam; para o jovem casal estes três personagens não existiam – e ainda bem, senão onde se deitaria o jovem Camilo?! Eu até penso que tudo aconteceu por feitiço da Lua!-. Mas, fosse como fosse os nossos amigos souberam logo que a sua presença não seria notada.
Ao sentir alguém deitado na sua cama o passadiço esgueirou-se para junto do desejo e da ampulheta (que já tinha deixado passar quase metade da areia da duna!) e comentou:
- Pobre Camilo! Tem um sentimento tão puro, mas é rejeitado em prol de honrarias e beleza fictícia… que pena tenho dele!
E, como que atingido por um raio, o nosso desejo de sereia alojou-se no coração da jovem Orquídea que, de imediato, desatou num grande pranto, ao mesmo tempo que cobria de beijos o atónito Camilo!
- Perdoa, meu querido, perdoa esta tonta! Não quero honrarias, não quero bajulações, quero e preciso do teu amor!
- Mas… Não, não me iludas, não me mintas, não finjas que me queres para me rejeitares de seguida, não, por favor, não…
- Não, meu amor! É verdade o que te digo. Não sei o que foi, mas algo se passou neste quarto, algo que vi e senti. Não me digas que não viste o raio de luar que entrou pela janela e passou para dentro do espelho… Não viste mesmo nada?
- Não, mas então conta-me, conta…
- Estava, como sabes, a olhar para o espelho. De repente vejo ali mesmo colada à janela a lua cheia. Parecia querer dizer-me alguma coisa, mas o que aconteceu é que um jato de luz dela saiu e atravessou o espelho e a imagem que nele vi foi a de uma Orquídea muito feia, muito sombria, sem amor, sem felicidade, sem harmonia…, vi uma Orquídea malévola, arrogante, vaidosa… e não gostei de mim… E, logo no mesmo instante, senti que o amor verdadeiro despertou, que realmente és tu, meu amor, meu marido, meu companheiro que quero para toda a vida. E sabes o que penso? 
- Não, diz-me…
- Penso que algum feitiço caiu em cima de mim que me impedia de ver, de sentir e de saborear o amor… e penso que hoje, nesta noite de lua cheia, uma dessas noites em que tudo pode acontecer, alguém se lembrou de mim, de nós, e me desfez o feitiço. Agora sei que não haverá nada a separar-nos!Mal acabou de dizer isto, já a duna tinha passado para a parte de baixo da ampulheta, anunciando a hora do regresso. O passadiço meteu então os pés ao caminho, sentou o desejo (agora já uma linda e meiga sereia) nas suas travessas de madeira, aconchegou a areia e, numa viagem à velocidade do pensamento logo, logo estavam em casa, a sereia nas verdes águas do mar de Espinho, o passadiço a espreguiçar-se entre Gaia e Espinho e a duna a descansar no parque da Aguda, felizes por terem sido obreiros de harmonia, de união, de amor.
E não é que até a triste estrela do mar (que afinal nem era ouriço!), mesmo sem pernoitar no Motel Tentações também ganhou brilho?


De Maria La-Salete Sá (escrito "de acordo" com o acordo ortográfico)(17/01/2013)G

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SEMPRE QUE TE PENSO...




Sempre que te penso
abre-se na alma
a ânsia de ter-te presente.
No meu coração
expande-se o amor
que se recusa a caber em mim...
E amo-te assimpor inteiro,
amor imenso
sem medida...
Preenches a minha vida,
o sentimento,
os sentidos.
Sou tua.


De Maria La-Salete Sá

UM DIA VERÁS...


Vive em minha alma
um desejo profundo de SER,
de abrir caminhos de libertação.
Vem! Dá-me a tua mão
e voa comigo rumo ao infinito.
Descobrirás então
outro sentido para Viver,
outros espaços, outros mundos
,outras vidas a acontecer.
Quem me dera saber
e poder
mostrar-te a imensidão
que existe além dos sentidos...
Ai!, quem me dera!
E apenas posso esperare acreditar
que um dia
descobrirás tu mesmo
esta magia...
Então saberás por ti
que a vida é infinita
e não acaba nunca aqui!

De Maria La-Salete Sá (19/10/1996 13h 35m)



PARAGEM


Faço uma paragem no tempo
em análise ao sentimento
que me envolve...
Descubro em mim a Paz,
momentos de lassidão,
felicidade e emoção...
E não encontro a palavra capaz 
de descrever a sensação
de felicidade que sinto,
que vivo,
que sou...
Felicidade-amor,
luz, brilho, fulgor...
palavras ao vento,
soltas como o pensamento,
mas nenhuma capaz
de definir o momento,
o tamanho do sentimento
que me traz
tanta Paz!

De Maria La-Salete Sá

SENTINDO...




Nesta hora de abandono
e de lazer
penso-te...
E é tão intenso
o pensamento
que ecoa a tua presença
no silêncio...
E sinto-te
e olho-te
e toco-te
mesmo sem te ver
,mesmo sem te ter
presente...


De Maria La-Salete Sá