sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ERA UMA TARDE DE OUTONO






Era uma tarde de Outono. O vento soprava com alguma intensidade e quando alguma nuvem se sentia por ele arrastada abria-se em fortes bátegas, escurecendo o dia que ainda deveria ser bem claro. Mas, falando em dia claro, é caso para dizer o que o sol, por detrás da nuvem, pensava:
-Claro que esta nuvem “é chuva de pouca dura!”
E, mal o sol formulava este pensamento, não se sabe «por que carga de água», a água da nuvem esgotava-se e a chuva parava! Contudo a nuvem não se dava por vencida e, não só pensava, como dizia em alta voz o refrão, no seu original:
- “É sol de pouca dura”, vamos lá ver se não é!
E mal acabava de pronunciar estas palavras, já as suas irmãs tapavam o sol…, “sol de pouca dura”.
Mas quem não estava muito contente com este jogo de esconde-esconde era o ribeiro de águas límpidas, não que não gostasse do sol ou da chuva, mas o que seria correto era que chovesse quando fosse tempo de chover e estivesse sol quando fosse tempo de sol. Ele sabia que precisava dos dois, da chuva para o alimentar e do sol para que não gelasse e para que as plantas e animais que nele habitavam pudessem viver. E, nesta tristeza de ver que sol e nuvens não se entendiam, tanto entristeceu e tanto chorou que muita da sua água se perdeu em lágrimas..., em “um vale de lágrimas”…
E, embora as lágrimas rolassem pelo chão da Terra, o som do lamento chegou ao Céu que ficou muito sensibilizado com aquela tristeza. Sabendo que não podia interferir nas discussões e desavenças entre o sol e as nuvens, mas querendo suavizar a tristeza do ribeiro, fechou os seus lindos olhos azuis e pensou…, pensou,,,, pensou… até que… EUREKA! Descobriu como alegrar o ribeiro, como colorir um dia escuro de Outono, ou de Inverno, ou até de Primavera ou Verão, quando sol e chuva “brincassem às escondidas”! Ele mandaria construir uma estrada de luz entre as nuvens e o sol, uma estrada que só seria visível quando estes dois (sol e nuvens, ou sol e chuva, tanto faz) andassem “de candeias às avessas”. E assim fez, mandou construir a estrada Arco-Íris. E, porque quando no Céu nasce uma ideia, de imediato ela se torna realidade e, mal ele pronunciou EUREKA!, uma estrada de luzes coloridas chegou ao ribeiro com um ramalhete de flores de sete cores – rosas vermelhas, margaridas cor de laranja, tulipas amarelas, orquídeas verdes, miosótis azuis, lobélias anil e lírios violeta. E esse ramalhete tinha aroma de amor, de harmonia, de equilíbrio, aroma esse que preencheu todos os sentidos do ribeiro! Por onde se estendesse, aspirava amor, para onde olhasse, havia harmonia e sentiu então que na Terra tudo estava em equilíbrio.
E foi assim que o nosso ribeiro, nessa tarde de Outono, aprendeu que o sol, a chuva, o vento, as trovoadas e os relâmpagos, e agora esta linda estrada colorida, tudo isso é necessário e fundamental para que a vida se mantenha em constante renovação.

De Maria La-Salete Sá            
18/10/2012

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