Ah! Vida! Porque és
assim?
Porque me obrigas a
ser como sou?
Porque obrigas o
justo e o inocente
a pagar as faltas que
não lhes pertencem?
Ah!, como tu às vezes
és tão cruel
apesar de tão
bela!---
Como tu pregas
partidas
mesmo sendo meiga!...
Ah! Se eu pudesse
mudar!
Se eu pudesse
construir-te toda e sempre bela…
mas tu não deixas…
A cada esquina, a cada
dia,
no momento mais
inesperado
resolves pregar-nos
uma partida!
Mas és bela apesar de
tudo,
e, apesar de dura,
por vezes,
eu adoro-te.
Adoro-te, embora
também sinta
(como todos sentem)
o ensejo de me
evadir,
o ensejo de brincar
contigo
como tu brincas connosco!
Mas também sou
consciente,
mesmo fracassando,
tento procurar o teu
sorriso,
mesmo com raiva e
desejo de te mandar à merda,
tento seguir de
cabeça erguida
e rir-me de ti,
rir-me de mim,
rir para ti,
minha vida cruel e
adorada.
Eu amo-te, vida!
Amo-te porque em ti,
de ti faz parte tudo
o que tenho,
tudo o que sou…
Em ti vivo,
em ti confio,
em ti encontro tudo o
que há de bom…
Mas também me dás o menos
bom,
apesar de me mostrares
e dares maravilhas…
E é por isso que te
quero,
mesmo com o teu mais
sombrio semblante.
Quero-te vida,
ensina-me sempre
a ver a luz onde tudo
parece um mundo de trevas,
não me deixes presa
na escuridão
porque assim,
mesmo vivente,
morreria…
De Maria La-Salete
Sá (21/06/1976 fez quatro meses que
perdi a minha filha…)
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