domingo, 29 de setembro de 2013

PARTIDAS DA VIDA…



Ah! Vida! Porque és assim?
Porque me obrigas a ser como sou?
Porque obrigas o justo e o inocente
a pagar as faltas que não lhes pertencem?
Ah!, como tu às vezes és tão cruel
apesar de tão bela!---
Como tu pregas partidas
mesmo sendo meiga!...
Ah! Se eu pudesse mudar!
Se eu pudesse construir-te toda e sempre bela…
mas tu não deixas…
A cada esquina, a cada dia,
no momento mais inesperado
resolves pregar-nos uma partida!
Mas és bela apesar de tudo,
e, apesar de dura, por vezes,
eu adoro-te.
Adoro-te, embora também sinta
(como todos sentem)
o ensejo de me evadir,
o ensejo de brincar contigo
como tu brincas connosco!
Mas também sou consciente,
mesmo fracassando,
tento procurar o teu sorriso,
mesmo com raiva e desejo de te mandar à merda,
tento seguir de cabeça erguida
e rir-me de ti,
rir-me de mim,
rir para ti,
minha vida cruel e adorada.
Eu amo-te, vida!
Amo-te porque em ti,
de ti faz parte tudo o que tenho,
tudo o que sou…
Em ti vivo,
em ti confio,
em ti encontro tudo o que há de bom…
Mas também me dás o menos bom,
apesar de me mostrares e dares maravilhas…
E é por isso que te quero,
mesmo com o teu mais sombrio semblante.
Quero-te vida, ensina-me sempre
a ver a luz onde tudo parece um mundo de trevas,
não me deixes presa na escuridão
porque assim,
mesmo vivente,
morreria…

De Maria La-Salete Sá  (21/06/1976 fez quatro meses que perdi a minha filha…)


Sem comentários:

Enviar um comentário